28 agosto 2011



      Ao futuro eu digo - Venha! Que pedi permissão! -  No mais baixo a cabeça vá, inda tem a mão. 

      Dedos e braços fortes.

      Pernas que guardam antigos segredos sobre o caminhar.


Vida que conheço de sobra. 


Obra que tem de ficar. 


     Que a leitura me traga de volta. 

     Que a música refaça-me amar.

Supondo-se sempre que o vento sopre sem parar.



14 agosto 2011

O parque solitário



É assustador como o tempo brinca com a percepção humana. 


O tempo e a memória. 


Crianças lúdicas de imaginação fértil.


Brincam solitárias num parque abstrato.


E quanto mais um cresce, mais o outro se esquece.


Ligadas por uma eternidade relativa.


São obrigadas a conviverem juntas, mudas, sem palavras.


E quando morrem são apenas imagens, velhas.


Esvaerecidas de tanta solidão.